quinta-feira, novembro 13, 2008

Usos e Abusos da Arqueologia

Em 1984 Eric Hobsbawm apresenta um trabalho intitulado “a invenção da tradição”, onde ele fala que muito dos símbolos que vemos hoje como manifestações do passado, são na verdade mecanismos criados recentemente para que as pessoas validem seus atos como se fosse uma herança. Um exemplo disto e o kilt escocês que foi inventado em 1750 por um dono de fabrica como uniforme para os operários. Desta forma, a questão de usar a arqueologia para validar todo o tipo de pseudociência ao meu ver pode ser respondida com uma simples estorinha:


A historia é sobre um fantástico conjunto de ruínas intitulada Great Zimbabwe no sudoeste africano e sua significação. Os primeiros exploradores portugueses que encontraram estas ruínas em 1600DC imediatamente acharam que a existência de algo tão espetacular no meio da África não era nada menos do que as ruínas do palácio do Preste João, (ou rei Salomão) citado na bíblia. Esta explição perdurou até 1891, quando em pleno contexto de ocupação européia da África um explorador inglês chamado Cecil Rhodes atribuiu a construção das ruínas aos fenícios, que teriam ocupado o local e criado algum tipo de doca (ops...acho que já ouvi esta estória no Brasil tbm).


Bom, mas o que estas duas “explicações” tem em comum? Simples nenhuma delas levou em consideração que a construção do Great Zimbabwe podia ter sido obra dos povos locais, que afinal de contas já estavam por ali à bastante tempo. Mas se utilizavam de estereótipos para formular uma explicação que confirmasse a ocupação europeia no local. Porém em 1980 os arqueólogos identificaram que estas ruínas foram construídas por volta de 800 DC e tratavam-se de um grande centro comercial até 1600DC (coincidência?); e hoje estas ruínas são tidas como o maior patrimônio de onde? do próprio Zimbabwe que inclusive as utiliza na sua bandeira.
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