quarta-feira, dezembro 26, 2007

Para ser arqueólogo ou arqueóloga no Brasil

Muita gente deve ter parado um dia e pensado em ser arqueólogo ou arqueóloga, porém como eu devem também ter perguntado, mas e agora como eu faço? Sinceramente não existe uma receita de bolo para (eu acho) nenhuma profissão, assim o que pode nos guiar é sempre o bom senso e a experiência dos outros.

Como sempre recomendo, e esta foi à minha experiência; Primeiro visite um museu, pois assim vc vai conhecer o resultado final da arqueologia, aquilo à que se destina a pesquisa e na melhor forma em que esta pode ser transmitida ao público; Segundo se vc já completou o ensino médio claro que o caminho natural é a universidade, hoje existem cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado, em arqueologia no Brasil.

No entanto se não existe faculdade de arqueologia próximo aonde vc mora, ou se vc não pode se deslocar para onde tem então outra forma é fazer um curso de preferência em uma área "afim" (historia, geografia, biologia, etc), pois assim mais fácil será sua pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) em arqueologia. Claro que cursos em outras áreas (arquitetura, direito, medicina) também contam, já que a arqueologia é uma ciência absolutamente inter e multidisciplinar.

Porem não é só a teoria que é importante na formação de um futuro arqueólogo ou arqueóloga, mas também a prática. Assim outra dica é procurar também os centros de arqueologia próximos da sua casa para realizar um estágio voluntário. Normalmente a primeira tarefa é sempre em laboratório, lavando e numerando material, pra só depois ir a campo ou uma escavação, mas esta etapa é também interessante e muito necessária.

Aqui neste site tem os principais links das universidades e centros de pesquisa no país:

arqueologiadigital.com


sábado, novembro 24, 2007

Pseudoarqueologia


A Pseudoarqueologia (tipo de pseudociência) ou também conhecida como Arqueologia Fantástica é um apanhado de suposições e achismos completamente desconectados que distorcem, interpretam mal e deturpam a pesquisa arqueológica de uma forma totalmente não científica e absolutamente especulativa. Estas suposições e achismos incluem: alguns exemplos de Arqueologia Bíblica, Pirâmides na Amazônia, Fenícios no Brasil, Atlântida, Mu, entre outros... Sendo praticada principalmente por pessoal leigo e não treinado em arqueologia, como escritores de ficção-científica, gurus esotéricos, e fanáticos religiosos.


O principal argumento do pseudo-cientista é a "teoria da conspiração", onde o conhecimento científico e politicamente manipulado pelos governos para que a sociedade não tenha acesso a uma "verdade escondida", com esta lógica o pseudo-arqueólogo acredita que: 1) todos os cientistas no mundo são conspiracionistas, 2) que só uns poucos "escolhidos" tem total acesso ao conhecimento, 3) papai noel e coelhinho da páscoa não são contos infantis...


O método investigativo deste tipo de construção se baseia na ausência de provas "negativas", ou seja , para o pseudo-cientista a ausência de provas de que algum fato não exista é sua confirmação de que este "possa" existir, assim a imaginação é o limite. Pois se diferentes provas científicas mostram que determinado fato X não pode ter acontecido - pois aconteceram os fatos Y e Z em seu lugar - para o pseudo-arqueólogo isto não importa pois a prova não é sobre o fato X e assim seu argumento se sustenta, porém para a ciência isto importa pois as provas cientificas de terem acontecido o fato Y e Z em lugar do fato X automaticamente anulam o fato X. Desta forma este tipo de raciocínio pseudo-arqueológico não é cientifico, já que, não é o caso de negar a possibilidade de que algo venha a existir, exista ou existiu, mas sim de (eu ainda utopicamente acredito) querer desconhecer o que cientificamente já se sabe.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Carbono 14


A datação por Carbono 14 para matéria orgânica foi desenvolvida por Willard Libby em 1949 e é baseada no fato que todos os organismos vivos contém uma pequena mas constante proporção de isótopos ativos de Carbono 14 (C14). Quando o organismo morre o Carbono 14 não é mais reposto pelo meio-ambiente (principalmente o sol) e a quantidade presente na hora da morte começa a decair em uma taxa constante de 50%. A meia-vida do Carbono 14 foi calculada por Libby como sendo de 5.568 anos. Portanto a medição da idade de um vestígio de matéria orgânica pode ser calculado medindo-se a quantidade de Carbono 14 remanescente no objeto. Porém, atualmente a datação por carbono 14 e limitada ate 70.000 anos antes do presente; enquanto para datações mais antigas existem outros métodos como a datação por Urânio ou Potássio-Argônio.


Na arqueologia a datação por Carbono 14 é tida como absoluta, mas também pode ser considerada relativa ou seja e uma forma de medir a data das coisas em relação a uma outra já conhecida como a dendrocronologia ou sobreposição estratigráfica. Quanto a segurança da datação em Carbono 14 o erro aceito hoje é de ±25 anos, mas como é feita esta calibração? Simples medindo a data de vestígios orgânicos com uma idade bem conhecida.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Pedra de Raio

Bom quanto ao termo "Pedra de Raio" este nasceu com uma terminação do naturalista romano Plínio, O Velho no Naturalis Historia (Slotikin:1965).

A razão eu desconheço, mas a lenda é mais ou menos assim: segundo a crendice popular, os raios ou relâmpagos trazem pedras do céu e as enterram, e depois de 7 anos da queda a pedra volta para o céu sendo carregada pelo mesmo raio, etc... Porém estas pedras não são pedras comuns e sim instrumentos líticos (machados polidos, por exemplo); que são achados pelos arados nos campos.

Estas lendas eram muito comuns na Idade Média, onde inclusive acreditava-se que as pontas de flecha eram dardos de elfos ou dentes de dragão, como uma forma de explicar os fenômenos que não encaixavam com a visão de mundo da época. Assim é possível que trazidas pelo colono europeu, estas lendas continuem vivas no interior do Brasil, para poder explicar uma origem não indígena dos artefatos pré-históricos.

quinta-feira, outubro 04, 2007

É arqueologia não arquiologia!


O que é Arqueologia ?

Literalmente a palavra arqueologia quer dizer o "estudo de coisas antigas". Porém o termo arqueologia hoje abarca uma série bem ampla de significados que incluem os vários usos da disciplina em diversas temáticas. Walter Taylor em 1948 disse: “Arqueologia não é nem história nem antropologia. Como uma disciplina autônoma, ela consiste em uma série de técnicas especializadas para a produção de informação cultural.” Porém, para mim arqueologia passa de uma técnica, e constitui um corpo teórico-metodológico em si, com um objeto de estudo bem definido: a cultura material.

Ou seja, Arqueologia é o estudo da materialização da cultura de sociedades passadas através de objetos, estruturas e paisagens.

Operacionalmente a arqueologia tem se tornado uma forma de estudo das sociedades humanas passadas e de seus respectivos meio-ambientes. Através de uma ação de recuperação e análise sistemática da cultura material ou remanescentes físicos destas sociedades. O objetivo primário tem sido encontrar, coletar, analisar e classificar o material arqueológico; depois descrever e interpretar os padrões de comportamento que levaram a sua criação; e finalmente explicar ou desenvolver um entendimento das razões por trás desses comportamentos.


O que é Sitio Arqueológico?

O sitio arqueológico é qualquer lugar de interesse arqueológico onde: objetos, estruturas ou algum produto natural modificado ou manufaturado por humanos é achado. Um sito pode variar desde uma área de coleta de matéria-prima até um espaço de permanência fixa de um grupo.


O que os arqueólogos fazem?

Arqueólogo é quem estuda o passado usando o método arqueológico e no contexto de uma estabelecida teoria arqueológica. Com o objetivo de coletar, interpretar e entender culturas antigas e o que elas produziram.


Texto baseado em: Darvill, Timothy. The Concise Oxford Dictionary of Archaeology, 2003.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Qual é o objeto?


Bom o que estou sugerindo aqui
é um jogo para as pessoas entenderem mais ou menos como funciona a pesquisa arqueológica, e bem simples e divertido. Primeiro vc tenta descobrir qual é o objeto que a pessoa anterior descreveu e em seguida posta uma descrição sua. Só precisa obedecer duas regras:

  1. Não use objetos compostos por muitas partes, ex. um computador.
  2. Use objetos simples que todo mundo tenha em casa, ex. uma faca.

Ex.: Objeto com a parte inferior em metal no formato de uma chapa e a parte superior em plástico, na forma de uma alça, possui tbm um fio que liga na tomada.

Rsp. ɐdnoɹ ɹɐssɐd ǝp oɹɹǝɟ ɯn


Ok? Entao aqui vai:

Objeto em forma de gota com a maior parte em vidro, possuindo um filamento de metal no interior, com a extremidade em metal tbm em forma de rosca...

sábado, setembro 08, 2007

Cultura Material


Mas aqui esta o principal problema… como transformar vestígios em informação? Realmente muito da Arqueologia trata disto, e para isto temos v
árias correntes teóricas com diversas opções de como extrair conhecimento ou mesmo saber de um objeto. Assim se vc pega uma coisa qualquer (seu mouse e um bom exemplo) e pensa: como temos aqui conhecimento acumulado? Vc esta tentando passar o conhecimento (ou que transferindo para outro nível podemos chamar de cultura - mas isto e outra discussão) de um estágio inato (quase adormecido) para uma forma dinâmica e porque não arqueo-lógica?

Porém ainda nos faltam defini
ções. Desta forma se a cultura em uma visão ampla e clássica pode ser definida como uma oposição à natureza. A cultura material pode ser entendida neste contexto como todo o produto da intervenção humana na natureza. Portanto aqui cabe outra questão: o que é arqueologia? Em lato senso eu diria que é o estudo da cultura material em um determinado espaço e tempo.

quinta-feira, agosto 30, 2007

O começo da história


Um dia estava escavando quando um menino chegou perto e perguntou: o que vc esta fazendo? Eu respondi arqueologia, intrigado o menino continuou perguntando: mas o que é arqueologia? Sinceramente antes de começar um longo discurso para responder eu respirei fundo e olhei para o céu (como que esperando alguma resposta divina) e comecei a falar do passado e de como pessoas iguais a nos viviam naquele lugar. Não sei o que passava pela cabeça do menino, se era só imaginação ou uma tentativa de dar sentido a aquele monte de abstrato que eu falava, mas num destes instantes eu vi seu olhar percorrer a área de escavação e achar um caco de panela de barro meio enterrado que havia passado a manha toda limpando com pincel, e apontou: mas com isto aqui? E o peso da realidade desceu sobre meus ombros como que me forçando a pousar novamente, e eu respondi: sim com este Vestígio aqui...

sexta-feira, maio 04, 2007

Entrevista

1. O que o levou a escolher essa profissão?

A arqueologia para mim sempre foi uma paixão desde criança, claro que no inicio eu misturava muito com a paleontologia (estudo dos dinossauros) ou mesmo antropologia (estudo do homem). Mas logo que descobri do que se tratava, ou seja, o estudo da cultura material, eu decidi que esta era a coisa que eu melhor sabia fazer no mundo.

2. Qual foi o tipo de faculdade que o senhor cursou e como foi o curso?

Eu cursei a faculdade de licenciatura em historia, o mestrado em gestão do patrimônio cultural, e atualmente estou cursando o doutorado em antropologia nos EUA. A graduação em história foi na faculdade particular FAPA, o curso foi ótimo onde adquiri uma base bem ampla em ciências sociais. Desde o inicio minha intenção sempre foi trabalhar com arqueologia e todos os trabalhos que realizei na graduação foram neste sentido, no mesmo período fui estagiário no Museu J.J. Felizardo da prefeitura de Porto Alegre minha cidade natal. O curso de mestrado foi na Universidade Católica de Goiás, com concentração na área de arqueologia, lá desenvolvi minha dissertação sobre o patrimônio arqueológico histórico brasileiro e cursei matérias tanto voltadas para arqueologia como antropologia. Ao mesmo tempo em que trabalhava no IGPA em resgate de sítios arqueológicos impactados por grandes empreendimentos. Hoje estou cursando doutorado na University of Florida, com minha tese sobre um sitio arqueológico do final do Séc. XIX. O curso além de fornecer uma formação em PhD ou seja, um doutorado nos quatro campos da antropologia americana: Antropologia Cultural, Arqueologia, Lingüística e Antropologia Biológica; também proporciona o contato com inúmeros profissionais, alunos e professores, de todas as partes do mundo.

3. O que o motiva a ser um arqueólogo?

Sem duvida e o caráter investigativo da ciência arqueológica, a possibilidade de descobrir coisas novas e relacionar inúmeras outras para entender o que aconteceu ou acontece com uma sociedade em um determinado lugar ou tempo.

4. Como funciona o trabalho de um arqueólogo brasileiro?

A arqueologia em geral e dividida em dois períodos: o pré-histórico e o histórico. No caso do Brasil esta distinção ocorre pelo tipo de sítios arqueológicos encontrados no território nacional. Os pré-históricos são: os sítios de caçadores-coletores, os sambaquis, e as aldeias dos grupos ceramistas; todos relacionados à ocupação dos indígenas pré-históricos desde “atualmente” 12.000 anos. Os históricos são os sítios arqueológicos decorrentes da ocupação européia do continente, e em combinação ou não com os Africanos e Indígenas depois de 1.500 DC.

5. Qual seria uma estimativa do salário de um arqueólogo e o que o senhor acha dele?

Um arqueólogo formado no Brasil geralmente ganha tanto quanto um professor do nível superior, claro que existem níveis abaixo (estagiários) e acima (coordenadores). Mas a media do salário corresponde diretamente com a formação, nível de experiência, e dificuldade do trabalho.

*entrevistado por Júlio Cezar da Silva Froes

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Icones na Arqueologia


alguns anos atrás estávamos iniciando um trabalho em Brasília, para o resgate arqueológico de uns sítios de ocupação pré-histórica na região de Taguatinga, quando encontrei o que para mim é um dos grandes ícones da arqueologia brasileira. Um arqueólogo gaúcho que percorreu o pais inteiro desde a década de 1970 trabalhando em uma imensa quantidade de sítios arqueológicos. O maior momento deste encontro foi quando embarcamos no carro para visitar o sítio e no meio da viagem ele perguntou: Você é arqueólogo? Eu mais que depressa respondi: Sou sim. Mas tal foi minha surpresa quando ele continuou: Que bom, pois eu sou só um aprendiz...

O que eu quero dizer contudo isto? Primeiro que concordo que os ícones podem ser criados, e no caso de um Indiana Jones ou da Lara Croft não são nada mais que isto. Porém eu acho que certos ícones não podem ser reforçados (pirâmides na Amazônia ou fenícios no Brasil) pois eles não contribuem para a arqueologia, mas ao contrario banalizam e ate mesmo ridicularizam o que é um trabalho serio. Mas isto é natural em qualquer profissão (de secretaria a proctologista), e no caso da arqueologia um pouco mais já que: primeiro muitas vezes não é reconhecida como ciência, mas interpretada como hobbie ou como somente técnica; segundo é difícil de ser levada a sério pois não tem uma aplicação pratica direta de seus resultados (como uma engenharia ou medicina) e em terceiro (e para mim a melhor explicação) a arqueologia não e completamente visível, ou seja 90% do seu objeto de estudo esta sempre enterrado e esta e a maior dificuldade em divulgar qualquer coisa...
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